PETAR - Contato! E duas versões de um fato...

02 a 04 de abril de 1999

Quinta, 01 de abril de 1999

[A versão do Eduardo]

Quase meia-noite e a gente no Fórum Velho esperando juntar todo mundo para ir ao PETAR (traduzindo: Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira...). A dificuldade de enfiar toda a bagagem no ônibus não foi pouca... Uma surpresa! O motorista era o nosso amigo Rogério, filho do chefe Antônio, do Grupo Escoteiro Balthazar Fernandes. Éramos, contando só o pessoal da igreja, 23 pessoas. No total, cerca de quarenta pessoas rumavam para estabelecer contato com o espeleomundo. Lista dos 23: Eduardo, Daniela Valente, Melissa, Eloiza, Mário, Totó, Fabrício, Daniela Toriumi, Lucilene, Mariane, Cláudia, Fernando Timochuki (o Tico), Fernando Toriumi (o Teco), Cute, Cris, Cláudio, Maria, Evaldo, Eric, Fernanda, Ednei, Lígia e a Esli.

Viajamos pela Iaque Adventure Soul, uma empresa de ecoturismo aqui de Sorocaba, tendo como guias o Eric, o André, o Simi e o Americano B+ (uma brincadeirinha..).

[A versão da Daniela Valente]

Trabalhei a quinta-feira inteirinha e fui arrumar minhas coisas, só pra variar, em cima da hora. O resultado é que esqueci de quase tudo. Às onze e meia da noite lá estava o Eduardo chamando todo mundo, pra dizer a verdade ele estava berrando pela casa e dizendo que estavamos muuuuuuuito atrasados. Chegamos no Fórum velho e, depois de encaixarmos (não sei como!!!!) tudo no ônibus partimos para Petar. Na verdade não vi muita coisa porque dormi bastante no caminho...

Sexta, 02 de abril de 1999

[A versão do Eduardo]

Não dormimos quase nada durante a noite e após mais de seis horas de viagem, sendo que uma hora e meia numa estradinha precária de terra à beira de uma pirambeira. Ainda vivos, tiramos tudo do ônibus e entramos no camping do Dema. Alguns já com o nariz torcido, alguns preocupados em achar o repelente para espantar os borrachudos que por sinal estavam com fome...

Tomamos um café da manhã reforçado, e seguimos para a primeira caverna. Pelo menos era o que pensávamos... Tomamos um chá de trilha no núcleo Santana, para visitarmos duas cachoeiras: a Andorinhas e a Betari. Muito bonitas, majestosas, mas longe prá dedéu. Teve gente que cansou e não quis saber de fazer nenhuma caverna no resto do dia.

Por falar em caverna, a que visitamos neste dia foi a da Agua Suja. Se era suja ou não, a escuridão total não permitia dizer...

A caverna era completamente banhada por um rio que sempre dava pé, mas era gelado como quê. No final, o batismo: uma passagem meio estreita, que a gente tinha que afundar a cabeça na água, pois o vão entre o teto e a superfície só cabia uma lanterna e uma câmera. Items que, temerariamente, decidi levar...

Valeu a pena! Tem uma cachoeira dentro e a umidade alcança níveis absurdos. Sai mais vapor da sua boca do que ar! Algumas fotos e simbora que tá frio e tá tarde.

Voltamos ao camping, comemos alguma coisa e toca pra cama que tá todo mundo muerto!

[A versão da Daniela Valente]

A viagem demorou bastante e quando chegamos mais perto de Petar a estradinha se complicou. O ônibus ia pra lá e pra cá e eu batendo a cabeça na janela, mas insistia em querer dormir. Quando chegamos no camping lá pelas 7h30 fiquei meio cabrera. O camping não me inspirou muita confiança. Na verdade nenhuma, mas tuuuuudo bem !!!! Montamos as barracas já contando com o apoio da legião de borrachudos e depois nos chamaram para o café da manhã.....Aí eu fui que fui, né?!!!!!!! Mas o descanso durou pouco e fui me vestir para a nossa caminhada. Primeiro coloquei um shorts e tênis sem meias mas, de tanto insistirem optei por uma calça e outro tênis com meias (Obs.: Muuuuuito obrigada pela insistência, viu !!!!!) Partimos rumos as cachoeiras que não lembro o nome. As vezes eu dava uns belos escorregões mas não cheguei ao chão em nenhum momento...Eu sei que andamos, andamos, andamos (...) andamos e andamos até chegar nas cachoeiras. E Meu Deus do céu: Elas são lindas demais e valeu muito a pena. Entrei na água, que por sinal estava CONGELADA mas depois me acostumei. Olhar a cachoeira bem de baixo com aquelas gotículas de água é de travar o fôlego (sem exagero) Vale conferir....

Depois comí um pouquinho de lanche de cada um, na verdade todo mundo foi compartilhando seu lanche....Daí resolvemos voltar e iríamos para a caverna da Água Suja (essa eu lembro o nome!!!!!!) Alguns já desistiram e foram embora para o camping mas como eu ainda tinha forças, continuei. Entrei na caverna com uma lanterninha que teria até vergonha de mostrar de tão pequena, mas depois até me orgulhei dela pois dava um banho de luz em um monte de lanternona cheia de frescura. Fui entrando e escorregando ao mesmo tempo. Na caverna descia um rio ( pelo menos acho que era ?????) que estava a pelo menos 20º abaixo de zero...Verdade....Meu pé congelava, mas a vontade de entrar era maior. E lá fui eu... até que chegou em uma parte onde você teria que mergulhar pois o teto quase encostava na água, nessa hora um monte de gente desistiu e eu, bem..., fui né? Quando ia mergulhar perguntei para o André (o nosso Guia) o que ia acontecer e ele me disse que eu teria o batismo! Mergulhei e... perdi minha lente! Mas tudo bem, o melhor da caverna estava lá: uma linda cachoeira. De repente o pessoal começou a voltar e eu perguntei o que era. Disseram que alí era o final e estavam indo embora. Foi então que a Esli disse que queria ver o final e lá fui eu junto. Eu, a Esli e o Fabrício. Fomos indo e indo e o negócio foi ficando legal. Alí não era o final. Na verdade ainda havia muito mais até que chegamos num ponto onde a caverna foi se fechado e ficou mais difícil ir adiante. O rio ainda congelava meu pé e colocamos naquele ponto o final da caverna e então vontamos. Ao sair da caverna retornamos a trilha, mas agora com um grupo bem menor poir muitos já tinham ido embora. Minha lanterninha já tinha ido além de suas pilhas e o resultado é que na volta, já escuro (lá pelas 8 da noite) fui tropeçando em tudo no caminho. Minhas pernas já não aguentavam mais. A parte de trás da coxa acho que laceou... Eu não conseguia mais levantá-la e aquela trilha não acabava. Chegando ao encontro do resto do pessoal no final da trilha eu não aguentava mais. Só que ainda havia mais um quilometro de subida (pra mim foram pelo menos uns 10 quilômetros) a pé até chegar ao ônibus. Eu simplesmente desabei quando cheguei lá em cima... Chegando ao acampamento tomei um mal banho e fui para a barraca e não ví mais nada até lá pelas 4 da manhã quando acordei. A calor dentro da barraca era insuportável e não conseguia mais dormir. Ao meu lado estava a Melissa, minha irmã e a Fernanda, minha prima. A barraca é destinada para três pessoas, ou seja, só dava para duas. Lembrei então que minha mama e meu papa estavam sozinhos numa barraca para 6 pessoas, ou seja, eu caberia tamém. Só de camisão, dei uma espiada para fora da barraca e não vi ninguém. Saí correndo até a barraca da mama e me refugiei lá (Obs.: Ela não reclamou não, viu!!!!!!!!!) Depois não me lembro de mais nada...

Sábado, 03 de abril de 1999

[A versão do Eduardo]

Destino: caverna Alambari. Menos trilha e mais calor. Enquanto a Água Suja tinha pedras que não escorregavam, a Alambari caprichava no oposto. Descidões e escorregões, alguns pontos que só passava de corda, um momento de super-breu (blecautão) que era pra ser super-silêncio, mas a galera insiste em cheirar a leite ninho e ficaram fazendo barulhos chatos. Ficou só no breu, sem silêncio mesmo.

Então surge a água. Uma passagem de cerca de quinze metros, com partes que não dava pé. Problema de quem? De quem não sabia nadar... Alguns trêmulos, outros travados, outros camuflando o choro e outros no chilique total. Dá até prá dar risada depois. Na hora chega a ser sem graça...

Se vocês pensavam que o dia acabara, enganou-se. Se acharam que a parte mais aventureira era esta, ledo engano. Faltava o bóia-cross.

Descendo o Betari por cerca de duas horas, você vai em cima de uma câmera de caminhão presa por cordas. Desce remansos e corredeiras (mais corredeiras que remansos) e passa por muitas e nem sempre boas. Se tem "as manha", tudo bem, senão, o bicho pega.

A noite começava a cair e não chegávamos ao final da aventura. Muitos ralados, muitos enjoados de tanto beber água, muitos assustados, alguns capacetes perdidos e todos pregados de canseira. Foi preciso abrir uma trilha para subir à estrada e nisto já era noite. É adrenalina prá caramba e é muito legal, mas você aproveita melhor se souber nadar bem, tiver noções de náutica e preparo físico. Senão, é colisão em toda curva de rio, o que não deixa de ser divertido. Um dois três quatro, quatro três dois um! Bóia cross é um barato, mas não é prá qualquer um. Belo ditado.

Camping e cama. Apesar da galerinha não estar muito a fim de dormir.

[A versão da Daniela Valente]

Ai, ui, tô travada! Sou sedentária mesmo... Só sei que o dia anterior me deu um tremendo baile... Estou completamente moida, arrasada, descabelada, mas...tuuuuuudo bem, levantei e fui tomar café. Peguntei para um guia se daria para ir de shorts na próxima caverna e ele disse que sim....e eu fui. Fomos para a caverna " (Que eu não lembro o nome) ". Olhe, ela era bem difícil...tirando o exagero, dava para se complicar um pouquinho. Ela tinha muito lama o que fazia com que eu escorregasse pra caramba nas pedras. Mas a emoção veio no final. Teriamos que passar por uma parte com água. Só que não daria pé lá. Amarraram uma corda pelo caminho só que tivemos um probleminha. O Cute (ou Marcos para os não íntimos) não sabia nadar e acabou quase se afogando. O Fabrício e o Americano ajudaram e quase não deram conta, mas...no final deu tudo certo e acabamos até rindo da história.

Depois partimos para o bóia-cross. Em cima de uma câmera de caminhão amarrada pelo meio começamos a descer o rio. No começo foi muito difícil. Eu não consegui controlar a bóia, e olhe que não era só eu !!!!!!!!!!! Com o tempo fui pegando o jeito e não batia na beirada a cada curva que o rio fazia. A primeira corredeira foi tensa e emocionante. Achei até que já havia pego todas as manhas. Ledo engano. Ao chegar numa corredeira maiorzinha encontrei com uma big pedrona que me jogou longe. Perdi a bóia e fui rolando pelo rio sem ter nenhuma noção de sentido. Batí as costas, as pernas e os braços. Não conseguia tirar a cabeça para fora da água por causa força das águas. Entrei em desespero até conseguir me segurar numa pedra e me levantar. Só que no meio do rio, com aquela água correndo super forte e....sem bóia eu tremí pra valer. Não sabia o que fazer e, olhando para trás não via ninguém para me ajudar. Lá na frente do rio havia um pessoalzinho, então gritei por socorro. Quem me escutou foi o Fernando Toriumi que estava passando por mim naquele momento. Ao tentar me ajudar ele acabou se machucando muito. Então me vi sozinha, em pé no meio da corredeira. Tinha que fazer alguma coisa...e fiz! Fui sem bóia mesmo. Bati tudo o que devia e o que não devia. Só sei que foi metade bóia-cross e metade peito-cross. Não gostei da experiência....

Domingo, 04 de abril de 1999

[A versão do Eduardo]

Último dia. Todo mundo pregado. Todo mundo ressaqueado. Nada como uma gruta bonita e levinha prá fechar. E vamos nós para Santana.

Realmente é a mais bonita e a mais diversificada. Boa parte do trajeto é feito de madeira e existem formações muito legais, como a asa do anjo e o cavalo gigante. Constatei que minha lanterna é mesmo ximilingue e tem pilha prá pouco tempo. Um terço da caverna mendigando luz. Vou comprar outra, meu...

Fim de papo, voltar pro camping e desmontar acampamento, ou seja, a parte chata. Entramos no ônibus às cinco da tarde e chegamos meia-noite e meia, já em plena segunda-feira. Na viagem, paramos no Mirante, de onde se vê o V formado pelas montanhas. Bonitaço! Ainda na viagem de volta passamos por Guapiara, onde o pai do Ednei, o Odair tem um sítio, cenário de algumas aventuras nossas.

E é isto aí. Se deseja aventura, este é um lugar dez. Se deseja sossego, nada como um video-cassete. Eu sou da primeira leva, ok?

Segunda, 05 de abril de 1999

[A versão do Eduardo]

Como é complicado trabalhar moído!!!!!!!!!